Cofen e Ministério da Saúde iniciam diálogo para mudar o Perfil da Enfermagem

Presidente do Cofen apresentou ao Ministro propostas de melhoria, focadas na formação e absorção dos profissionais

O ConseAudiencia-MS-041-1024x682lho Federal de Enfermagem apresentou na quarta-feira (29 de julho), em audiência com o Ministro da Saúde, Arthur Chioro, propostas de enfrentamento à situação crítica da profissão, constatada pela Pesquisa Perfil da Enfermagem (Cofen/Fiocruz), que apontou desemprego aberto, baixíssima remuneração e forte desgaste profissional, revelado por 66% dos entrevistados.
“A segurança do paciente depende fundamentalmente da qualidade do cuidado. É preciso repensar o papal da Enfermagem, que é crucial”, afirmou o Ministro. “Jamais enfrentaremos, por exemplo, a vergonhosa epidemia de cesarianas no Brasil se a Enfermagem não assumir um papel central no cuidado a obstétrico”.

A necessidade de reordenamento da formação profissional e a extinção da formação em Enfermagem por educação à distância (EaD) foram os principais pontos apresentados pelo Presidente do Cofen, Manoel Neri, que entregou ao ministro relatório inédito sobre a EaD. São mais de 20 mil vagas abertas para a graduação em Enfermagem, e a fiscalização confirmou a completa falta de estrutura para a formação teórico-prática de futuros profissionais que vão lidar diretamente com a vida humana.

“A precarização da formação afeta diretamente a qualidade da assistência e o mercado de trabalho”, ressaltou Manoel Neri. Anualmente, o Cofen registra 112 mil novos profissionais de Enfermagem, incluindo 48 mil enfermeiros, dos quais 75% são formados pela rede privada.

Chioro sinalizou a possibilidade de apoiar o Cofen em diálogo com o Ministério da Educação (MEC) para redefinir parâmetros para a abertura de cursos, com a identificação das necessidades de profissionais em cada uma das 437 regiões sanitárias, nos moldes recentemente implementados na Medicina. “É preciso inverter esta lógica mercantilista do ensino superior, garantindo que a formação profissional atenda à necessidade da Saúde brasileira”, ressaltou o ministro.

O Cofen e o Ministério da Saúde iniciaram, ainda, os primeiros passos para estabelecer um diálogo permanente sobre Enfermagem e Saúde Coletiva. Fortalecer interlocução com a sociedade é uma das diretrizes da atual gestão do Cofen, que inovou com práticas como as consultas públicas sobre minutas de resolução que serão apreciadas pela plenária.

Descompasso – Apesar da super qualificação dos profissionais revelada pela Pesquisa Perfil da Enfermagem, com elevado percentual de técnicos com formação em nível superior e 80,3% dos Enfermeiros com curso de especialização, há descompasso entre as necessidades da Saúde Coletiva, especialmente do SUS, e a mão de obra qualificada disponível. Apenas 7,5% dos Enfermeiros obtiveram especialização na modalidade de residência, que impacta diretamente nas práticas de assistência. O predomínio da iniciativa privada na formação acarreta altos custos para os profissionais, sem que a qualidade dos cursos oferecidos seja adequada.

Fonte: Ascom-Cofen