Conselheira do Coren/SC ministra palestra no 2º Congresso Catarinense de Aleitamento Materno

DSCN6445A conselheira do Coren/SC e professora da UFSC Evanguelia Kotzias Atherino dos Santos ressaltou os cuidados com a mulher nos hospitais credenciados como Amigo das Crianças durante o primeiro dia do 2º Congresso Catarinense de Aleitamento Materno, que iniciou nesta segunda (28/8) e termina terça-feira (29/8), na Assembleia Legislativa de Santa Catarina.

“A mulher tem direito a um acompanhante de livre escolha, a determinação não está sendo cumprida em todos os hospitais no pré-parto, no parto e no puerpério, mas está comprovado que reduz o trabalho de parto e a medicação, e proporciona maiores índices de amamentação”, explicou Evanguelia, que citou o caso da maternidade Carmela Dutra, de Florianópolis. “Havia resistência com os acompanhantes, então decidimos testar um mês, os residentes adoraram e o sistema foi implantado”.

Evanguelia ainda recomendou a oferta de líquidos e alimentos leves durante o parto. “A reposição energética é fundamental para assegurar o bem estar da mãe e do feto, haja vista o gasto calórico”, ensinou a enfermeira, acrescentando que deve-se incentivar que as mulheres caminhem durante o trabalho e parto.

Também enfatizou a necessidade do parto acontecer em um ambiente tranquilo, acolhedor, com iluminação suave e que proporcione privacidade, além do uso de métodos não farmacológicos par o alívio da dor, como banheira, chuveiro, bola de pilates e compressas quentes e frias.

Estímulo ao parto normal – Para Evanguelia, o principal desafio do Hospital Amigo das Crianças é estimular o parto normal. “As taxas de cesarianas no Brasil são inaceitáveis, isso atrapalhou muito o credenciamento dos hospitais, a maioria tinha percentual de cesárias acima de 50%, e o critério é de 15%, no máximo até 30% se o hospital tratar com gestantes de alto-risco”, revelou a enfermeira.

Bloqueio da amamentação – Transtornos afetivos no puerpério (período posterior ao parto) podem dificultar e  bloquear a amamentação. “O transtorno mais recorrente é o blue-baby, atinge em média 85% das puérperas, não é uma depressão, tem relação com a mudança hormonal e ocorre no terceiro ou quarto dia até o décimo dia. A mulher fica triste, queixosa, chorosa, um pouco apática, mas passa naturalmente”, afirmou Zaira Aparecida Oliveira Custódio, psicóloga do Hospital Universitário (HU/UFSC).

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Já a depressão pós-parto pode ocorrer entre quatro semanas depois do nascimento, até um ano de vida do bebê. “A fase mais recorrente é o terceiro mês, além dos sintomas de depressão, há a sensação de incapacidade de cuidar do recém-nascido. Tem tratamento, com medicações compatíveis com o aleitamento, psicoterapia e rede de apoio”, enumerou a psicóloga, que destacou a importância da avaliação e do tratamento adequado para não comprometer a alimentação e a afetividade.

Segundo a especialista em aleitamento materno do HU, a violência obstétrica, os transtornos de personalidade e os comportamentos repetidos também podem criar obstáculos à amamentação. “Se a mãe da puérpera amamentou ela, se a acolheu ou não, então não dá para passar uma borracha no passado, mas a história pode ser repetida ou não”, argumentou a psicóloga, que ponderou que forçar a situação pode ser um erro. “Ter uma noção preconcebida daquilo que se espera de uma mãe é uma prática muito desaconselhável”, avaliou Zaira Custódio.
De acordo com Zaira Custódio, o estilo de vida contemporâneo é a principal causa da interrupção da amamentação no terceiro ou quarto mês. “A mulher tem papel mais ativo, com estímulos para ser mais para fora do que para dentro, mas a amamentação é introspecção, é preciso ceder espaço, este é  um ponto de dificuldade”, reconheceu Zaira.

A psicóloga do HU recomendou às futuras mamães resistir aos apelos da carreira. “Coloca no freezer os projetos pessoais e abre espaço para o projeto real que depende agora de todo o cuidado”, declarou Zaira Custódio, que ressaltou o fenômeno da criança terceirizada. “O mundo está com pressa e ninguém tem tempo, amamentar vai na contramão, dá trabalho, exige disponibilidade, entrega e dedicação”, finalizou.
Zaira Custódio defendeu que os recém-nascidos devem dormir no mesmo quarto que a mãe e passar o maior tempo possível no colo. “Quando não está no colo da mãe ele tem a experiência da não-mãe, por isso a importância de dormir no mesmo quarto, o bebê consegue sentir o cheiro, ouvir a voz da mãe. A criança que fica mais no colo vai armazenar recursos de segurança, será mais segura, mais independente, mais proativa, porque ficou mais próxima de quem a criou”, garantiu a especialista.

 

Com informações da Agência AL