Audiência Pública debateu Valorização da Enfermagem

Na manhã do dia 17 de maio ocorreu uma Audiência Pública na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC) para debater temas de valorização da Enfermagem. O evento foi convocado pela Comissão de Saúde da Alesc, presidida pela deputada estadual Enfermeira Ana Paula Lima, a pedido do Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina (Coren/SC) e Fórum Estadual 30 horas.

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A presidente do Coren/SC Helga Bresciani fez apresentação do Perfil da Enfermagem no Brasil, destacando dados de Santa Catarina para subsidiar as discussões.  Representantes de sindicatos e federações de trabalhadores em saúde estiveram presentes.

Segundo pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), intitulada “Perfil da Enfermagem no Brasil”, o país conta hoje com 1,88 milhão de pessoas atuando no ramo, entre enfermeiros, técnicos e auxiliares, sendo 54 mil em Santa Catarina. A média salarial do grupo, entre 2012 e 2013, época em que o levantamento foi feito, variava entre R$ 1001 e R$ 2 mil, sendo que 77,5% dos profissionais entrevistados afirmaram trabalhar até 80 horas semanais.

DSCN0048“Os dados mostram uma realidade desafiadora, que resulta em desgaste profissional, pois combina baixos salários e jornada de trabalho elevada. E quem perde é toda a sociedade”, afirmou a presidente do Coren/SC, Helga Bresciani.

A redução da carga horária de trabalho semanal para 30 horas está contemplado no Projeto de Lei 2.295/2000, já aprovado no Senado Federal, mas que há três anos aguarda votação na Câmara dos Deputados.

ENCAMINHAMENTOS

Os encaminhamentos da Audiência a serem tomados pela Comissão de Saúde inclui o envio à Câmara dos Deputados de uma moção pela votação do PL 2.295, a participação nas conferências promovidas pelo Coren/SC a partir de junho, a manutenção da unidade das entidades para continuar a luta pela aprovação do PL, reunião do Fórum 30 horas no dia 6 de junho, na sede do Coren/SC e promover as discussões definir um piso estadual para a Enfermagem.

Para a presidente da Comissão de Saúde, deputada Ana Paula Lima (PT), um dos principais motivos da não concretização das duas demandas é a falta de representatividade política da categoria. “Apesar de sermos o contingente mais numeroso dentro da área de saúde não ocupamos o espaço correspondente nas esferas de poder. Precisamos nos empoderar e transformar as relações de poder para obtermos a valorização que merecemos”, disse a parlamentar

O presidente da Federação dos Trabalhadores da Saúde, Cleber Ricardo da Silva, falou sobre o desafio da aprovação do PL 2.295. “Se as negociações já estavam difíceis com o antigo governo (federal), neste a situação vai ser ainda mais complexa”, observou.

Na mesma linha, o representante da Superintendência Regional do Ministério do Trabalho e do Emprego, Ivanildo Mota de Souza, afirmou que, dada a atual situação do país, a categoria deveria concentrar seus esforços em apenas uma reivindicação. “Aumentar salário e baixar carga horária na atual conjuntura é uma situação quase que impossível, mas nada impede a luta.”

Já o diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento de Saúde Pública Estadual e Privado de Florianópolis e Região (Sindsaúde-SC), Nereu Sandro Espezin, afirmou que os pleitos podem ser viabilizados no próprio estado de Santa Catarina. Ele citou como exemplo a edição do Decreto Estadual nº 323/2006, que fixou carga horária de 30 horas para os servidores públicos estaduais. “Precisamos avançar na ideia de criar um piso mediano para enfermeiros, técnicos e auxiliares, trazendo esse debate aqui para a Assembleia Legislativa”, destacou.

Também participaram dos debates a representante da Secretaria de Estado da Saúde, enfermeira Liliane Aparecida de Oliveira, e a presidente da seccional catarinense da Central Única dos Trabalhadores (CUT-SC), Ana Julia Rodrigues.

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