Dia Internacional da Mulher e histórias que inspiram: Florence Nightingale é criadora da moderna Enfermagem

Para celebrar o mês da mulher, já que dia 8 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher, o Coren/SC inicia hoje a publicação de histórias de profissionais de Enfermagem que inspiraram ou ainda inspiram o mundo, o Brasil ou sua cidade com sua trajetória e empenho em dignificar esta importante área no atendimento à saúde da população.

E como 2020 comemora-se o Ano Internacional da Enfermagem por conta do bicentenário do nascimento de Florence Nightingale (1820-1910) iniciamos com ela, que foi uma renomada Enfermeira inglesa, considerada a criadora da moderna Enfermagem e que lançou a primeira Escola de Enfermagem da Inglaterra no Hospital Saint Thomas, em Londres.

Florence Nightingale nasceu em Florença, na Itália, no dia 12 de maio de 1820, na época em que seus pais residiam na Itália. Filha do milionário William Shore Nightingale foi aluna do King’s College de Londres. Em uma viagem ao Egito, visitando hospitais, despertou sua vocação para a Enfermagem, apesar de na época não ser uma atividade digna.Com uma pequena equipe, com os equipamentos necessários e com um trabalho árduo, mesmo contra a negligência dos médicos militares, o ambiente tornou-se propício para atender aos enfermos. A dedicação que devotava aos doentes reduziu drasticamente as mortes no hospital militar. Foi chamada pelo jornal The Times, de Londres, “A Dama da Lâmpada”, pois percorria todas as enfermarias com uma lanterna na mão.

Ela era de família próspera. Os Nightingale viajavam constantemente pela Europa. Os pais eram pessoas religiosas, gente tradicional, portanto Florence estava destinada a receber uma boa educação, a casar com um cavalheiro de fina estirpe, a ter filhos, a cuidar da casa e da família. Mas logo ficou claro que a menina não se conformaria a esse modelo. Era diferente; gostava de matemática, e era o que queria estudar (os pais não deixaram). Aos 16 anos, algo aconteceu: Deus falou-me escreveu depois e convocou-me para servi-lo. Um episódio que poderia caracterizá-la como uma mística, mas, diz o historiador Lytton Strachey, a moça estava longe de ser uma beata desligada da realidade.

Servir a Deus significava, para ela, cuidar dos enfermos, e especialmente dos enfermos hospitalizados. Naquela época, os hospitais curavam tão pouco e eram tão perigosos (por causa da sujeira, do risco de infecção) que os ricos preferiam tratar-se em casa. Hospitalizados eram só os pobres, e Florence preparou-se para cuidar deles, praticando com os indigentes que viviam próximos à sua casa. Viajou por toda a Europa, visitando hospitais. Coisa que os pais não viam com bons olhos: enfermeiras eram consideradas pessoas de categoria inferior, de vida desregrada. Mas Florence foi em frente e logo surgiu a oportunidade para colocar em prática o que aprendera. Naquela época, Inglaterra e França enfrentavam Rússia e Turquia na guerra da Crimeia. Sidney Herbert, membro do governo inglês e amigo pessoal, pediu-lhe que chefiasse um grupo de enfermeiras enviadas para o front turco, uma tarefa a que Florence entregou-se de corpo e alma: cuidava incansavelmente dos pacientes, percorrendo enfermarias à noite; era a “dama da lâmpada”, segundo a expressão do Times de Londres. Florence providenciava comida, remédios, agasalhos, além de supervisionar o trabalho das enfermeiras. Mais que isso, fez estudos estatísticos (sua vocação matemática enfim triunfou) mostrando que a alta mortalidade dos soldados resultava das péssimas condições de saneamento. Seus méritos foram reconhecidos, e ela recebeu uma importante condecoração da rainha Vitória.

Isso tudo não quer dizer que Florence fosse, pelos padrões habituais, uma mulher feliz. Para começar, não havia, em sua vida, lugar para ligações amorosas. Cortejou-a o político e poeta Richard Milnes, Barão Houghton, mas ela rejeitou-o. Ao voltar da guerra, algo estranho lhe aconteceu: recolheu-se ao leito e nunca mais deixou o quarto. É possível, e até provável, que isso tenha resultado de brucelose, uma infecção crônica contraída durante a guerra; mas havia aí um óbvio componente emocional, uma forma de fuga da realidade. Contudo – Florence era Florence – mesmo acamada, continuou trabalhando intensamente. Colaborou com a comissão governamental sobre saúde dos militares, fundou uma escola para treinamento de enfermeiras, escreveu um livro sobre esse treinamento.

 

Florence homenageada pela boneca Barbie – Considerada a fundadora da enfermagem moderna, Florence Nightingale foi homenageada na coleção “mulheres inspiradoras” da boneca Barbie neste Ano Internacional da Enfermagem. Com a célebre lâmpada, que até hoje representa a profissão, a boneca lançada dia 19 de fevereiro traja uniforme de época e faixa do Hospital Scutari, próximo à Constantinopla, no Império Otomano, onde medidas de higiene e rotinas de cuidados estabelecidas por Nightingale levaram a uma grande redução da mortalidade.

 

Com informações do artigo publicado por Moacyr Scliar e republicado pelo Cofen.